Em uma entrevista exclusiva no canal @GDiesenPT no YouTube, o analista geopolítico Glenn Diesen conversou com Scott Ritter, ex-inspetor de armas da ONU e ex-oficial de inteligência dos EUA, sobre os riscos de uma escalada militar entre Estados Unidos e Irã sob um possível segundo mandato de Donald Trump.
https://novaresistencia.org/2025/04/12/trechos-da-impactantes-da-entrevista-de-scott-ritter-guerra-contra-o-ira/
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Nova Resistência
Trechos da impactantes da entrevista de Scott Ritter : “Guerra contra o Irã” | Nova Resistência
Em uma entrevista exclusiva no canal @GDiesenPT no YouTube, o analista geopolítico Glenn Diesen conversou com Scott Ritter, ex-inspetor de armas da ONU e ex-oficial de inteligência dos EUA, sobre os riscos de uma escalada militar entre Estados Unidos e Irã…
"Nós temos um excesso de fala privado de significado e veracidade. Estamos saciados de discursos eleitorais e políticos (que nós sabemos que não dizem absolutamente nada), de conversas falsas, e de livros pagos pela palavra (alguns consideram necessário escrever, e assim se tornam escritores profissionais!). Apesar da falta de algo a dizer, o orador continua como se ele fosse um moinho de palavras movido a vento, e ele se torna responsável pelo fato de que ninguém mais leva qualquer palavra a sério. Nenhuma palavra pode ser levada a sério, porque o fluxo dessas palavras nos impede de descobrir aquela que, em meio à torrente, possui significado e merece ser ouvida".
- Jacques Ellul
- Jacques Ellul
Forwarded from Legio Victrix
https://legio-victrix.blogspot.com/2025/04/tibet-dikmen-o-pensamento.html
"É difícil dizer que o tradicionalismo tenha sido suficientemente discutido e difundido na esfera intelectual turca. Apesar de a maioria dos livros tradicionalistas importantes terem sido traduzidos para o turco, a consciência dessa corrente filosófica está bastante limitada a uma peculiar elite. Embora a maioria das obras de René Guénon, Frithjof Schuon, Seyyed Hossein Nasr, Martin Lings, Titus Burckhardt e Julius Evola ainda esteja sendo publicada pela editora İnsan Yayınları, muitos turcos ignoram como a escola tradicionalista é um movimento político-filosófico ativo, como os tradicionalistas estão conectados entre si, onde se estendem as veias grandes e pequenas que os alimentam e até onde chegam os vasos que se ramificam a partir delas."
"É difícil dizer que o tradicionalismo tenha sido suficientemente discutido e difundido na esfera intelectual turca. Apesar de a maioria dos livros tradicionalistas importantes terem sido traduzidos para o turco, a consciência dessa corrente filosófica está bastante limitada a uma peculiar elite. Embora a maioria das obras de René Guénon, Frithjof Schuon, Seyyed Hossein Nasr, Martin Lings, Titus Burckhardt e Julius Evola ainda esteja sendo publicada pela editora İnsan Yayınları, muitos turcos ignoram como a escola tradicionalista é um movimento político-filosófico ativo, como os tradicionalistas estão conectados entre si, onde se estendem as veias grandes e pequenas que os alimentam e até onde chegam os vasos que se ramificam a partir delas."
Blogspot
Tibet Dikmen - O Pensamento Tradicionalista na Turquia
Blog dedicado à apresentação de textos, artigos e entrevistas da Nova Direita, do Eurasianismo e da Revolução Conservadora.
De acordo com o principal espião de Kiev, a “dura realidade” da guerra não deve ser revelada ao público.
https://novaresistencia.org/2025/04/08/ucrania-mentindo-para-seu-proprio-povo-sobre-a-guerra-budanov/
https://novaresistencia.org/2025/04/08/ucrania-mentindo-para-seu-proprio-povo-sobre-a-guerra-budanov/
Nova Resistência
Ucrânia mentindo para seu próprio povo sobre a guerra – Budanov | Nova Resistência
De acordo com o principal espião de Kiev, a “dura realidade” da guerra não deve ser revelada ao público. Aparentemente, o regime de Kiev não esconde mais sua natureza ditatorial absoluta e sua falta de transparência com seu próprio povo em relação a questões…
Forwarded from Raphael Machado
China: Moderna ou Tradicional?
Uma das principais discussões sobre a China hoje é se ela é "capitalista" ou "socialista", com bons argumentos de ambos os lados (e, inclusive, bons argumentos que vão na direção do nem/nem).
Uma discussão menos popular, mas mais interessante é sobre se a China contemporânea corresponde a uma "sociedade tradicional" ou se ela está já plenamente inserida nos marcos da Modernidade.
Por "sociedade tradicional" aqui estamos nos referindo à adesão sociopolítica a princípios tidos como atemporais e incondicionais, os quais remeteriam a uma dimensão transcendente e sagrada e que irradiariam a totalidade social. O conteúdo dessa principiologia, naturalmente, dependeria da própria maneira pela qual um povo se estruturou historialmente (razão pela qual a "Tradição" possui natureza caleidoscópica - ela é uma Eternidade instanciada). Enquanto por Modernidade, naturalmente, estamos nos referindo fundamentalmente às crenças iluministas no primado da razão, no constitucionalismo, na separação entre Estado e religião, na concepção negativa de liberdade, no princípio da legalidade, etc.
De um modo geral, os argumentos em favor da categorização da China contemporânea como plenamente moderna apontam para a perseguição religiosa empreendida pelo maoísmo, para o controle das religiões pelo Estado, para o pragmatismo técnico e prático que os chineses demonstram em seus negócios e relações, além, é claro, naturalmente para o fato de que o PCCh oficialmente proíbe os seus membros de terem religião.
A realidade, porém, é infinitamente mais complexa.
Em primeiro lugar, porque a conceituação chinesa de "religião" é totalmente diferente da percepção ocidental a respeito. Para os chineses, "religião" (zongjiao) significa exclusivamente as seitas organizadas e institucionais dotadas de doutrina e dogma. De quebra, isso já exclui tanto a espiritualidade popular (chamada mais recentemente por nomes como "shenismo" ou "shenxianismo"), quanto o confucionismo. Para o PCCh (e para a maioria dos chineses), a adesão aos ritos tradicionais chineses e às práticas e crenças confucionistas não equivale a ter uma "religião". É possível, portanto, participar no culto aos ancestrais, praticar feng shui, acender incenso para o Imperador Amarelo e participar nos ritos confucionistas, sem que se considere que você tem uma "religião".
Guénon é, propriamente, um autor que classicamente rechaça a atribuição da palavra "religião" (tal como ela é entendida ao se falar em Cristianismo, Judaísmo e Islã) às tradições orientais, incluindo mesmo o Taoísmo e o Budismo (que são consideradas "religiões" na China), afirmando que elas carecem dos elementos sentimentais, morais e devocionais que são mais típicos dessas religiosidades médio-orientais.
É nesse sentido que se deve navegar pelas estatísticas religiosas da China, onde "identificação religiosa" e "prática religiosa" não se confundem. Em outras palavras, as estatísticas dizem que 90% da população chinesa não tem religião, mas que 80% da população chinesa adota regularmente práticas religiosas tradicionais. Isso inclui os membros do PCCh. Uma estatística do Pew Research Center, por exemplo, aponta que 79% dos membros do PCCh vão pelo menos uma vez ao ano ao cemitério para cultuar seus ancestrais. É um índice superior ao da população chinesa média.
Uma das principais discussões sobre a China hoje é se ela é "capitalista" ou "socialista", com bons argumentos de ambos os lados (e, inclusive, bons argumentos que vão na direção do nem/nem).
Uma discussão menos popular, mas mais interessante é sobre se a China contemporânea corresponde a uma "sociedade tradicional" ou se ela está já plenamente inserida nos marcos da Modernidade.
Por "sociedade tradicional" aqui estamos nos referindo à adesão sociopolítica a princípios tidos como atemporais e incondicionais, os quais remeteriam a uma dimensão transcendente e sagrada e que irradiariam a totalidade social. O conteúdo dessa principiologia, naturalmente, dependeria da própria maneira pela qual um povo se estruturou historialmente (razão pela qual a "Tradição" possui natureza caleidoscópica - ela é uma Eternidade instanciada). Enquanto por Modernidade, naturalmente, estamos nos referindo fundamentalmente às crenças iluministas no primado da razão, no constitucionalismo, na separação entre Estado e religião, na concepção negativa de liberdade, no princípio da legalidade, etc.
De um modo geral, os argumentos em favor da categorização da China contemporânea como plenamente moderna apontam para a perseguição religiosa empreendida pelo maoísmo, para o controle das religiões pelo Estado, para o pragmatismo técnico e prático que os chineses demonstram em seus negócios e relações, além, é claro, naturalmente para o fato de que o PCCh oficialmente proíbe os seus membros de terem religião.
A realidade, porém, é infinitamente mais complexa.
Em primeiro lugar, porque a conceituação chinesa de "religião" é totalmente diferente da percepção ocidental a respeito. Para os chineses, "religião" (zongjiao) significa exclusivamente as seitas organizadas e institucionais dotadas de doutrina e dogma. De quebra, isso já exclui tanto a espiritualidade popular (chamada mais recentemente por nomes como "shenismo" ou "shenxianismo"), quanto o confucionismo. Para o PCCh (e para a maioria dos chineses), a adesão aos ritos tradicionais chineses e às práticas e crenças confucionistas não equivale a ter uma "religião". É possível, portanto, participar no culto aos ancestrais, praticar feng shui, acender incenso para o Imperador Amarelo e participar nos ritos confucionistas, sem que se considere que você tem uma "religião".
Guénon é, propriamente, um autor que classicamente rechaça a atribuição da palavra "religião" (tal como ela é entendida ao se falar em Cristianismo, Judaísmo e Islã) às tradições orientais, incluindo mesmo o Taoísmo e o Budismo (que são consideradas "religiões" na China), afirmando que elas carecem dos elementos sentimentais, morais e devocionais que são mais típicos dessas religiosidades médio-orientais.
É nesse sentido que se deve navegar pelas estatísticas religiosas da China, onde "identificação religiosa" e "prática religiosa" não se confundem. Em outras palavras, as estatísticas dizem que 90% da população chinesa não tem religião, mas que 80% da população chinesa adota regularmente práticas religiosas tradicionais. Isso inclui os membros do PCCh. Uma estatística do Pew Research Center, por exemplo, aponta que 79% dos membros do PCCh vão pelo menos uma vez ao ano ao cemitério para cultuar seus ancestrais. É um índice superior ao da população chinesa média.
Forwarded from Raphael Machado
Interessantemente, no que concerne outras práticas religiosas, os não-membros do PCCh tendem a ser mais religiosos do que os membros. Mas a explicação para isso é muito simples: os membros do PCCh em sua maioria não tem religião...mas são confucionistas. Celebram todos os ritos e festas confucionistas, cultuam os ancestrais, provavelmente vão aos templos confucionistas (os quais são, aliás, subsidiados pelo Estado), cultivam as virtudes confucionistas. Ou seja, o confucionismo "puro" parece ser bastante popular entre os membros do Partido, enquanto o resto da população é mais adepta tanto do shenismo misturado com elementos confucionistas, do budismo e do taoísmo. Não obstante, 40% dos membros do PCCh pratica o feng shui, e pelo menos 18% deles acende incensos várias vezes ao ano para Buda ou para os deuses.
No que concerne as relações Estado-Religião, aliás, em primeiro lugar, é importante apontar que o Estado chinês sempre atribuiu a si mesmo a prerrogativa de controlar, tutelar, influenciar e suprimir as várias seitas, escolas e doutrinas que tentaram se espalhar pela China. De modo que o fato do PCCh pretender exercer influência sobre o Cristianismo, o Taoísmo, o Budismo, etc., através de instituições alinhadas ao Estado, significa apenas que o PCCh é continuísta no que concerne a típica relação entre essas esferas na China. Ademais, muito se fala sobre o "controle negativo" imposto pela China, mas quase não se fala que a China visa limitar o crescimento de religiões especificamente estrangeiras, mas há vários anos subsidia e fomenta a abertura de novos templos e a educação de novos sacerdotes budistas, taoístas, confucionistas e shenistas. O resultado é um crescimento, por exemplo, de 300% na frequência a templos budistas desde 2023, com a maioria dos frequentadores sendo jovens.
Retornando, ainda, ao confucionismo, o Estado começou a restaurar recentemente os guoxue nas escolas, ou seja, o estudo dos Clássicos confucionistas, os quais no passado eram pré-requisito para a aprovação nos exames imperiais. Ademais, existe uma forte corrente intelectual que defende a institucionalização do confucionismo e sua transformação em religião civil oficial. Apesar de isso parecer distante, na prática, o Pensamento Xi Jinping já representa uma síntese entre maoísmo e confucionismo, o que fica bastante explicitado na maneira não-dualista pela qual a China hoje aborda a questão das classes sociais.
Deixando de lado a adesão e a prática religiosas, poderíamos nos desviar para a observação dos valores tradicionais chineses. O "comunismo" desenraizou ou desestruturou de forma fundamental os valores tradicionais da China?
Para isso temos que entender quais são esses valores. O intelectual russo Nikolai Mikhailov enumerou uma série de conceitos, princípios e afetos que compõem a cosmovisão tradicional chinesa, alguns dos quais podemos citar: "Mundo como harmonia inerentemente perfeita entre o Céu e o Homem, como um equilíbrio natural e harmonioso de opostos, cuja violação implica a deterioração da natureza e do homem", "Presteza, responsabilidade, pragmatismo, religiosidade cotidiana", "Percepção da sociedade como uma 'grande família', onde os interesses do indivíduo estão subordinados aos interesses da família, os interesses da família aos interesses do clã e os interesses do clã aos interesses do Estado", "paternalismo e tutela dos mais velhos sobre os mais novos", "hospitalidade", "moderação", "dignidade, humildade, obrigação, observância de tradições e cânones, respeito à hierarquia social, piedade filial, veneração aos antepassados, patriotismo, subserviência aos superiores, senso de dever e justiça social".
No que concerne as relações Estado-Religião, aliás, em primeiro lugar, é importante apontar que o Estado chinês sempre atribuiu a si mesmo a prerrogativa de controlar, tutelar, influenciar e suprimir as várias seitas, escolas e doutrinas que tentaram se espalhar pela China. De modo que o fato do PCCh pretender exercer influência sobre o Cristianismo, o Taoísmo, o Budismo, etc., através de instituições alinhadas ao Estado, significa apenas que o PCCh é continuísta no que concerne a típica relação entre essas esferas na China. Ademais, muito se fala sobre o "controle negativo" imposto pela China, mas quase não se fala que a China visa limitar o crescimento de religiões especificamente estrangeiras, mas há vários anos subsidia e fomenta a abertura de novos templos e a educação de novos sacerdotes budistas, taoístas, confucionistas e shenistas. O resultado é um crescimento, por exemplo, de 300% na frequência a templos budistas desde 2023, com a maioria dos frequentadores sendo jovens.
Retornando, ainda, ao confucionismo, o Estado começou a restaurar recentemente os guoxue nas escolas, ou seja, o estudo dos Clássicos confucionistas, os quais no passado eram pré-requisito para a aprovação nos exames imperiais. Ademais, existe uma forte corrente intelectual que defende a institucionalização do confucionismo e sua transformação em religião civil oficial. Apesar de isso parecer distante, na prática, o Pensamento Xi Jinping já representa uma síntese entre maoísmo e confucionismo, o que fica bastante explicitado na maneira não-dualista pela qual a China hoje aborda a questão das classes sociais.
Deixando de lado a adesão e a prática religiosas, poderíamos nos desviar para a observação dos valores tradicionais chineses. O "comunismo" desenraizou ou desestruturou de forma fundamental os valores tradicionais da China?
Para isso temos que entender quais são esses valores. O intelectual russo Nikolai Mikhailov enumerou uma série de conceitos, princípios e afetos que compõem a cosmovisão tradicional chinesa, alguns dos quais podemos citar: "Mundo como harmonia inerentemente perfeita entre o Céu e o Homem, como um equilíbrio natural e harmonioso de opostos, cuja violação implica a deterioração da natureza e do homem", "Presteza, responsabilidade, pragmatismo, religiosidade cotidiana", "Percepção da sociedade como uma 'grande família', onde os interesses do indivíduo estão subordinados aos interesses da família, os interesses da família aos interesses do clã e os interesses do clã aos interesses do Estado", "paternalismo e tutela dos mais velhos sobre os mais novos", "hospitalidade", "moderação", "dignidade, humildade, obrigação, observância de tradições e cânones, respeito à hierarquia social, piedade filial, veneração aos antepassados, patriotismo, subserviência aos superiores, senso de dever e justiça social".
Forwarded from Raphael Machado
Quando um anticomunista sinófobo, portanto, vem desqualificar a China contemporânea como "coletivista", ou critica o chinês por ser "submisso à família e ao governo", atribuindo tudo isso à "Revolução", ele está apenas descrevendo características chinesas cultivadas há milênios. Mesmo aquela questão do "cobrar o preço da bala dos parentes do executado por pena de morte" é tipicamente chinesa. A tradição chinesa crê em punições coletivas para famílias pelos crimes de um membro, e considera essa uma questão óbvia e corriqueira.
Subindo dos costumes para uma dimensão mais metafísica, mesmo o Tianxia (ou seja, a ideia da China como centro do mundo, governada por um Mandato Celestial, imbuída da missão de trazer harmonia e equilíbrio às "terras bárbaras") permanece vivo sob o Pensamento Xi Jinping no multipolarismo de Jiang Shigong, que visualiza a China ocupando o centro do cosmo em uma estrutura planetária harmônica, ainda que descentralizada. A Iniciativa Cinturão & Rota, assim, não é senão a aplicação pragmática e técnica da ideia metafísica do "Tudo sob o Céu".
Não obstante, é inegável que os chineses padeceram os mesmos dilemas e ônus advindos da urbanização, do tecnocratismo, do consumismo e da sociedade do espetáculo - ainda que, talvez, de maneira diferente e em menor grau que os ocidentais, europeus, etc. A China claramente passou por uma "modernização", muito rápida, ainda que talvez meramente parcial.
A melhor categoria para descrever a condição chinesa, portanto, é o conceito duginiano de "arqueomodernidade". Segundo Dugin, o arqueomoderno é "um sistema no qual por fora tudo é bastante modernista, mas por dentro é tudo profundamente arcaico." Em países arqueomodernos é como se houvesse dois níveis existenciais contraditórios e concomitantes: uma espécie de ordem oficial modernista, enquanto o substrato populacional permanece profundamente imerso no mundo tradicional.
Dugin usa o termo para explicar as contradições russas e, em minha opinião, ele se presta bem para descrever a China em que coexistem arranha-céus, megapontes, IA e drones, com o culto religioso a Mao (e aos deuses tradicionais), a prática quotidiana da medicina chinesa e o uso do feng shui para organizar os espaços públicos e privados.
Subindo dos costumes para uma dimensão mais metafísica, mesmo o Tianxia (ou seja, a ideia da China como centro do mundo, governada por um Mandato Celestial, imbuída da missão de trazer harmonia e equilíbrio às "terras bárbaras") permanece vivo sob o Pensamento Xi Jinping no multipolarismo de Jiang Shigong, que visualiza a China ocupando o centro do cosmo em uma estrutura planetária harmônica, ainda que descentralizada. A Iniciativa Cinturão & Rota, assim, não é senão a aplicação pragmática e técnica da ideia metafísica do "Tudo sob o Céu".
Não obstante, é inegável que os chineses padeceram os mesmos dilemas e ônus advindos da urbanização, do tecnocratismo, do consumismo e da sociedade do espetáculo - ainda que, talvez, de maneira diferente e em menor grau que os ocidentais, europeus, etc. A China claramente passou por uma "modernização", muito rápida, ainda que talvez meramente parcial.
A melhor categoria para descrever a condição chinesa, portanto, é o conceito duginiano de "arqueomodernidade". Segundo Dugin, o arqueomoderno é "um sistema no qual por fora tudo é bastante modernista, mas por dentro é tudo profundamente arcaico." Em países arqueomodernos é como se houvesse dois níveis existenciais contraditórios e concomitantes: uma espécie de ordem oficial modernista, enquanto o substrato populacional permanece profundamente imerso no mundo tradicional.
Dugin usa o termo para explicar as contradições russas e, em minha opinião, ele se presta bem para descrever a China em que coexistem arranha-céus, megapontes, IA e drones, com o culto religioso a Mao (e aos deuses tradicionais), a prática quotidiana da medicina chinesa e o uso do feng shui para organizar os espaços públicos e privados.
Forwarded from Editora ARS REGIA
Disponibilizarmos agora o nosso catálogo atualizado para fevereiro de 2025, contendo todas as nossas obras publicadas até agora.
Anunciamos que além dos livros novos, a obra Ordo Pluriveralis, de Leonid Savin, voltou ao catálogo.
Agora estamos preparando os próximos lançamentos, Otimismo Escatológico e Limites e Fronteiras, ambas de Daria Dugina.
Para os que quiserem adquirir as nossas obras, basta enviar um e-mail para editora.arsregia@gmail.com
Anunciamos que além dos livros novos, a obra Ordo Pluriveralis, de Leonid Savin, voltou ao catálogo.
Agora estamos preparando os próximos lançamentos, Otimismo Escatológico e Limites e Fronteiras, ambas de Daria Dugina.
Para os que quiserem adquirir as nossas obras, basta enviar um e-mail para editora.arsregia@gmail.com
Por que os debates, em geral, são inúteis?
https://novaresistencia.org/2025/04/07/democracia-liberal-o-regime-dos-debatedores/
https://novaresistencia.org/2025/04/07/democracia-liberal-o-regime-dos-debatedores/
Nova Resistência
Democracia Liberal: O Regime dos Debatedores | Nova Resistência
Por que os debates, em geral, são inúteis? Toda vez que eu assisto a um debate (ou ouço falar sobre um) eu saio com a convicção de que trata-se de uma das atividades mais inúteis do mundo contemporâneo. Mas eu também extrapolo a realidade dos debates para…
Forwarded from Raphael Machado
Aos que reclamam da China comprar portos ou terras no Brasil eu retruco:
É só não vender.
É só não vender.
Forwarded from Raphael Machado
https://youtu.be/pvwIxlQ11IA
Quer comprar algo no crédito? Precisa de dinheiro para abrir um negócio? Quer alugar um imóvel? Você precisa ter um "score", do contrário nada feito. E já há empresas contratando, bem como instituições públicas reprovando concurseiros com base nisso.
Quer comprar algo no crédito? Precisa de dinheiro para abrir um negócio? Quer alugar um imóvel? Você precisa ter um "score", do contrário nada feito. E já há empresas contratando, bem como instituições públicas reprovando concurseiros com base nisso.
YouTube
A Tirania do "Score" | Pílulas Vermelhas #278
Quer comprar algo no crédito? Precisa de dinheiro para abrir um negócio? Quer alugar um imóvel? Você precisa ter um "score", do contrário nada feito. E já há empresas contratando, bem como instituições públicas reprovando concurseiros com base nisso.
__…
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Forwarded from Raphael Machado
https://telegra.ph/Elei%C3%A7%C3%B5es-no-Equador-Chance-de-mudan%C3%A7a-04-16
Meu texto mais recente pra Fundação Cultura Estratégica abordou as eleições equatorianas. Mas infelizmente o Noboa venceu. Talvez por fraude.
Meu texto mais recente pra Fundação Cultura Estratégica abordou as eleições equatorianas. Mas infelizmente o Noboa venceu. Talvez por fraude.
Telegraph
Eleições no Equador: Chance de mudança?
Essas eleições representam a encruzilhada mais importante na história recente do país. Junte-se a nós no Telegram, Twitter e VK. Escreva para nós: info@strategic-culture.su No dia 13 de abril, este domingo, o povo equatoriano irá às urnas para o 2º turno…
Forwarded from Editora ARS REGIA
Você já pode adquirir hoje mesmo A Quarta Teoria Política, do filósofo russo Alexander Dugin.
Trata-se da mais abrangente crítica do liberalismo moderno e pós-moderno feita no novo milênio. O suficiente para valer a Dugin sanções e perseguições de todo o tipo.
Garanta a sua cópia mandando um e-mail para editora.arsregia@gmail.com
Trata-se da mais abrangente crítica do liberalismo moderno e pós-moderno feita no novo milênio. O suficiente para valer a Dugin sanções e perseguições de todo o tipo.
Garanta a sua cópia mandando um e-mail para editora.arsregia@gmail.com
O filósofo russo Aleksandr Dugin propõe integrar o Irã em um Estado de União junto com a Rússia, semelhante ao de Belarus.
https://novaresistencia.org/2025/04/08/construir-o-estado-da-uniao-russia-ira/
https://novaresistencia.org/2025/04/08/construir-o-estado-da-uniao-russia-ira/
Nova Resistência
Construir o Estado da União Rússia-Irã | Nova Resistência
O filósofo russo Aleksandr Dugin propõe integrar o Irã em um Estado de União junto com a Rússia, semelhante ao de Belarus. A escalada do conflito entre os Estados Unidos e o Irã é um fato. Trump está mudando as prioridades da política externa americana. Para…
Forwarded from Raphael Machado
Mentalidade Revolucionária: Um Conceito Inútil
Um dos conceitos olavianos mais típicos é o da "mentalidade revolucionária", que Olavo de Carvalho define como "o estado de espírito, permanente ou transitório, no qual um indivíduo ou grupo se crê habilitado a remoldar o conjunto da sociedade [...] por meio da ação política; e acredita que, como agente ou portador de um futuro melhor, está acima de todo julgamento pela humanidade presente ou passada, só tendo satisfações a prestar ao 'tribunal da História'."
Segundo Olavo, tal "mentalidade" seria a grande responsável pela maioria dos genocídios dos últimos séculos, e seria, ademais, dada à construção de formas totalitárias de governo. Independentemente de seu conteúdo ideológico, essa própria mentalidade em si, ao visar remodelar a ordem política e a vida humana, seria nefasta e tirânica.
Com base nesse conceito, Olavo dizia existir algo como um "movimento revolucionário", o qual seria o motor das "revoluções", lidas como algo genérico e indistinto, com finalidades necessariamente expansionistas e universalistas.
De imediato, o conceito se mostra pueril e inútil.
Em primeiro lugar, uma "revolução" é tão somente um "retorno". O vocábulo nasce na astronomia para designar o movimento de rotação e passa a ter uma significação mais ampla de "mudança recorrente" ou de "transformação súbita" no século XV.
Em segundo lugar, a descrição dada sobre a suposta "mentalidade revolucionária" é inútil porque serve basicamente para designar toda posição política iliberal sustentada no planeta desde Platão - filósofo que, como se sabe, almejava (entre outras coisas) precisamente "remoldar o conjunto da sociedade". De Platão em diante, boa parte dos principais filósofos que se dispuseram a escrever sobre política padeciam, por essa definição, de uma "mentalidade revolucionária". Só não tentaram implementar a sua "revolução" aqueles que não tinham ao alcance os meios para isso, mas todos eles expressaram seu desejo por reformar o homem e remodelar a sociedade.
Temos, então, como "revolucionários genocidas" diante de nós não apenas Platão, Aristóteles e Juliano, ou bem antes deles, já Licurgo, mas também uma série de autores medievais, São Thomas More, Tommaso Campanella, os jesuítas e suas missões no sul do Brasil, a Doutrina Social da Igreja, e assim por diante. Necessário, demais, apontar que nessa "mentalidade" deveriam ser, também, enquadrados personagens como os "Founding Fathers" dos EUA e Oliver Cromwell, figuras categoricamente milenaristas, imbuídas de delírios messiânicos e utopistas que visavam não apenas remodelar suas sociedades, mas também manipular a natureza humana. Mas imagino que Olavo de Carvalho preferia ignorar isso.
Chama a atenção, ademais, o fato de que a descrição dada por Olavo não se aplica a boa parte das revoluções ocorridas ao longo da história, desde a Antiguidade e do Medievo (onde, sim, houve revoluções e revolucionários). Tomemos, por exemplo, a Revolução Iraniana que visava, objetivamente, uma remodelação total da ordem social, mas não resultou em qualquer totalitarismo ou em qualquer genocídio, tampouco possui pretensões universalistas.
O que fica bastante claro, porém, é que de modo geral só não está acometido pela "mentalidade revolucionária" quem é liberal e vive em uma sociedade liberal. Nesse sentido, o conceito olaviano parece um plágio adaptado da distinção "sociedade aberta x sociedade fechada" de Karl Popper. Haveria um vínculo claro entre a "mentalidade revolucionária" e a emergência de "sociedades fechadas" como sua consequência.
E toda a descrição dessa mentalidade, bem como aquilo que é oferecido em contraposição a essa mentalidade, não vai além do liberalismo. Para não ser um "revolucionário", portanto, basta ser um conformista ou alguém que crê que a função da política é apenas preservar uns quantos "direitos naturais" e discutir miudezas quotidianas.
Um dos conceitos olavianos mais típicos é o da "mentalidade revolucionária", que Olavo de Carvalho define como "o estado de espírito, permanente ou transitório, no qual um indivíduo ou grupo se crê habilitado a remoldar o conjunto da sociedade [...] por meio da ação política; e acredita que, como agente ou portador de um futuro melhor, está acima de todo julgamento pela humanidade presente ou passada, só tendo satisfações a prestar ao 'tribunal da História'."
Segundo Olavo, tal "mentalidade" seria a grande responsável pela maioria dos genocídios dos últimos séculos, e seria, ademais, dada à construção de formas totalitárias de governo. Independentemente de seu conteúdo ideológico, essa própria mentalidade em si, ao visar remodelar a ordem política e a vida humana, seria nefasta e tirânica.
Com base nesse conceito, Olavo dizia existir algo como um "movimento revolucionário", o qual seria o motor das "revoluções", lidas como algo genérico e indistinto, com finalidades necessariamente expansionistas e universalistas.
De imediato, o conceito se mostra pueril e inútil.
Em primeiro lugar, uma "revolução" é tão somente um "retorno". O vocábulo nasce na astronomia para designar o movimento de rotação e passa a ter uma significação mais ampla de "mudança recorrente" ou de "transformação súbita" no século XV.
Em segundo lugar, a descrição dada sobre a suposta "mentalidade revolucionária" é inútil porque serve basicamente para designar toda posição política iliberal sustentada no planeta desde Platão - filósofo que, como se sabe, almejava (entre outras coisas) precisamente "remoldar o conjunto da sociedade". De Platão em diante, boa parte dos principais filósofos que se dispuseram a escrever sobre política padeciam, por essa definição, de uma "mentalidade revolucionária". Só não tentaram implementar a sua "revolução" aqueles que não tinham ao alcance os meios para isso, mas todos eles expressaram seu desejo por reformar o homem e remodelar a sociedade.
Temos, então, como "revolucionários genocidas" diante de nós não apenas Platão, Aristóteles e Juliano, ou bem antes deles, já Licurgo, mas também uma série de autores medievais, São Thomas More, Tommaso Campanella, os jesuítas e suas missões no sul do Brasil, a Doutrina Social da Igreja, e assim por diante. Necessário, demais, apontar que nessa "mentalidade" deveriam ser, também, enquadrados personagens como os "Founding Fathers" dos EUA e Oliver Cromwell, figuras categoricamente milenaristas, imbuídas de delírios messiânicos e utopistas que visavam não apenas remodelar suas sociedades, mas também manipular a natureza humana. Mas imagino que Olavo de Carvalho preferia ignorar isso.
Chama a atenção, ademais, o fato de que a descrição dada por Olavo não se aplica a boa parte das revoluções ocorridas ao longo da história, desde a Antiguidade e do Medievo (onde, sim, houve revoluções e revolucionários). Tomemos, por exemplo, a Revolução Iraniana que visava, objetivamente, uma remodelação total da ordem social, mas não resultou em qualquer totalitarismo ou em qualquer genocídio, tampouco possui pretensões universalistas.
O que fica bastante claro, porém, é que de modo geral só não está acometido pela "mentalidade revolucionária" quem é liberal e vive em uma sociedade liberal. Nesse sentido, o conceito olaviano parece um plágio adaptado da distinção "sociedade aberta x sociedade fechada" de Karl Popper. Haveria um vínculo claro entre a "mentalidade revolucionária" e a emergência de "sociedades fechadas" como sua consequência.
E toda a descrição dessa mentalidade, bem como aquilo que é oferecido em contraposição a essa mentalidade, não vai além do liberalismo. Para não ser um "revolucionário", portanto, basta ser um conformista ou alguém que crê que a função da política é apenas preservar uns quantos "direitos naturais" e discutir miudezas quotidianas.
Forwarded from Raphael Machado
Mais do que descrição científica, portanto, esse conceito de "mentalidade revolucionária" mais parece um slogan de mobilização, cuja finalidade seria traçar uma distinção mais clara entre liberais (assim definidos como os conformados com a ordem liberal) e antiliberais, tomados todos indistintamente como potencialmente genocidas.
Forwarded from Raphael Machado
https://www.dailymotion.com/video/x9i0y1g
Fui ontem à Telesur para comentar sobre a intensificação da guerra civil no Sudão.
Fui ontem à Telesur para comentar sobre a intensificação da guerra civil no Sudão.
Dailymotion
Entrevista l Es necesario construir buenas relaciones - Vídeo Dailymotion
El periodista y analista internacional Raphael Machado detalló en una entrevista para teleSUR que hay una fractura gran fractura, étnica y social desde el derrocamiento del gobierno de Omar al Bashir. Países como Rusia, Türkiye y China han intentado estabilizar…