Voz da Nova Resistência
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"A questão principal é a justaposição do paradigma da Modernidade e do paradigma da Tradição. As Três Teorias Políticas, sobre cuja superação se baseia a Quarta Teoria Política, pertencem inteiramente ao paradigma da Modernidade. Sua alternativa, a Quarta Teoria Política, apela ao paradigma da Tradição. Essencialmente, a Quarta Teoria Política pode ser plenamente considerada como uma estratégia de revolta contra o mundo moderno, aplicada às circunstâncias político-ideológicas do século XXI".

- Aleksandr Dugin
Forwarded from Editora ARS REGIA
O que é a geopolítica? Quais são as leis que regem os conflitos geopolíticos? E o qual é a estratégia russa para o mundo?

O filósofo russo Alexander Dugin apresenta um manual completo de geopolítica em uma obra que é já renomada mundialmente como tendo prenunciado o atual conflito ucraniano.

Garanta já a sua cópia pelo e-mail editora.arsregia@gmail.com
A ciência no Ocidente - e no capitalismo como um todo - é uma farsa e se mantém através de propaganda e especulação.

A novidade da vez é a "desextinção" do lobo-terrível (Aenocyon dirus), supostamente alcançada pela gigante americana Colossal Biosciences através de edição genética.

Qualquer um que entenda o mínimo de ciências naturais sabe que ressuscitar espécies extintas naturalmente há milhares de anos quase nunca é uma boa ideia. Contudo, é absolutamente "legal" pensar na possibilidade ter de volta o predador que reinou nas Américas durante o Pleistoceno, devorando mamutes e preguiças gigantes.

E é precisamente por ser "legal" pensar nisso que essa narrativa está ganhando tanta relevância, já que, a bem da verdade, não houve "desextinção" alguma.

O que os cientistas americanos fizeram foi algo relativamente "simples": pegaram DNA do lobo-terrível através de fósseis preservados e modificaram geneticamente embriões de lobos-cinzentos (Canis lupus). Com isso, nasceram três filhotes de lobos-cinzentos com características físicas similares [supostamente] às de um lobo-terrível.

Ou seja, são lobos-cinzentos mutantes, não lobos-terríveis "desextintos". São animais artificialmente modificados geneticamente, como milhões de outros, mas com DNA de uma espécie extinta.

Percebam que embora sejam ambos da família dos canídeos, o lobo-terrível e o lobo-cinzento são animais de gêneros distintos (Canis e Aenocyon, respectivamente). Mais do que isso, o lobo-terrível nem sequer é um ancestral do lobo contemporâneo.

O caso que estamos vendo agora não é muito diferente do processo realizado pela mesma Colossal Biosciences com camundongos geneticamente modificados com DNA de mamutes, que nasceram com pelagem [similar à de] de mamute.

Esses ratos não são "mamutes" porque tiveram seu DNA artificialmente editado. Continuam sendo ratos, mesmo que com algumas características de mamute. Da mesma forma que os filhotes que estão na mídia agora continuam sendo lobos-cinzentos, mesmo que com características de lobos-terríveis.

Eu sou um entusiasta do engenharia genética não-humana e da criação e do aperfeiçoamento de espécies por métodos não-naturais. Mas é preciso dar o nome certo para cada situação. Só se poderia falar em desextinção do lobo-cinzento em dois casos: clonagem (quando o DNA é inteiramente replicado em uma nova criatura) ou edição genética avançada, através de mutantes perfeitos em uma espécie descendente do lobo-terrível. Nenhum dos dois cenários se aplica ao caso atual.

E é melhor que de fato não tenha havido desextinção. Reaver espécies que se extinguiram naturalmente pode ser catastrófico. Se esses animais retornarem com suas características originais em um ambiente completamente diferente, o impacto ambiental pode ser gigantesco - e esta é a principal razão pela qual pesquisas nesse sentido são constantemente travadas.

Na biologia, o princípio cristão "deixe que os mortos enterrem seus mortos" é muito relevante. O que já foi extinto há milhares de anos não deve ser recuperado porque a própria natureza cuidou de transformar as condições do mundo em que estas espécies viviam.

Seria muito mais interessante, fácil e útil investir tempo e dinheiro na recuperação genética de espécies extintas pelo homem há poucas décadas ou séculos, cuja desextinção atenderia a necessidades ambientais ainda vigentes. Mas talvez isso não seja tão estratégico a nível de marketing quanto anunciar o "retorno" da megafauna de milhares de anos atrás.

Obviamente, o grande público é ignorante sobre biologia e genética e não está apto a ler o jornalismo científico de forma crítica. É por isso que a Colossal Biosciences está dando um golpe de marketing perfeito. Uma pesquisa de edição genética relativamente "simples" está sendo vendida como o primeiro caso bem-sucedido de "desextinção".

Quantos milhões a empresa ganhará com isso? Qual será o valor das ações a partir de agora? Biologicamente, pode não ser um feito tão grande como uma desextinção, mas em termos de marketing e propaganda, foi uma realização sem precedentes.
E não pensem que o Ocidente vive de propaganda e golpes de marketing apenas na ciência. É o mesmo nos assuntos militares, na economia e na idealização da democracia liberal como último estágio da evolução política.
O Fim da Era da Globalização e Livre-comércio

Como muitíssimo bem descrito pelo primeiro-ministro de Cingapura, estamos vivenciando o fim da era da globalização “baseada em regras” e do livre-comércio. Linhas de produção serão completamente remanejadas. Bolsas de valores perderão trilhões e trilhões de dólares em “valor de mercado” nos uns e zeros computacionais, com múltiplos circuit breaks a serem ativados ainda. Setores inteiros envolvidos na manutenção ou exploração do sistema até então hegemônico serão liquidados, sangrados ou diminuídos consideravelmente.

Porém, nada disso é, para nós, visto como algo ruim. Pelo contrário, são excelentes notícias. Claro, para aqueles que vivem desse sistema, que fizeram milhares, milhões ou ainda bilhões em cima da sangria coletiva de povos de todo o mundo, isso é claramente ruim. Para quem vive propagandeando o mundo liberal como um paraíso, ou o faz-de-conta dos livros de economia como um dogma, um mantra a ser repetido em busca da superação do Samsara da pobreza, a destruição e aniquilação de suas ilusões é algo claramente ruim. Mas para aqueles que realmente são nacionalistas; que são realmente anticapitalistas, não apenas nas aparências e na superfície; que se opõem fundamentalmente à ordem unipolar e à hegemonia do liberalismo, o tarifaço de Donald Trump é, e deve ser visto como, um feito histórico.

Apenas duas vezes antes havíamos tido mudanças generalizadas comparáveis no comércio internacional. Primeiro, após a Segunda Guerra, quando os vencedores impuseram regras comerciais sob a tutela dos EUA, criando instituições como o FMI e o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) para controlar o fluxo de bens e de capitais. Depois, nos anos 70-80, quando os mesmos EUA rasgaram essas regras sob Nixon (com o fim de Bretton Woods, e a consolidação das moedas de câmbio flutuante) e Reagan (com o neoliberalismo, junto da Tatcher), substituindo-as pelo fundamentalismo de mercado do Consenso de Washington.

Desta vez, a mudança é no outro sentido – ao invés de uma intensificação das relações liberais, o próprio presidente dos EUA capitaneia uma luta pelo enfraquecimento do comércio internacional, pela priorização do comércio regional, e do fortalecimento das autarquias regionais. Aqui, cabem as Autarquias dos Grandes Espaços, numa síntese de Friedrich List e Carl Schmitt – blocos econômicos integrados entre si, mas com comércio limitado com o resto do mundo, onde o Estado soberano de cada Grande Espaço tem ali o seu “quintal” econômico e geopolítico, negociando com o exterior apenas em posição de força. É algo praticamente inédito na história global, ainda que Trump e seus secretários e assessores muito claramente se inspirem no “Sistema Americano” de Alexander Hamilton.

Será o maior nível de taxas alfandegárias em quase um século. O último decreto ou lei com aumento generalizado de tarifas data de 1930, ainda no começo da Grande Depressão, sob o presidente Herbert Hoover. No cenário atual, o tributo de importação médio sairá de 2,5% em 2024 para 16,5% neste ano, a maior média desde 1937.

Mas o que esse evento histórico representa para o resto do mundo? Para alguns, crises existenciais, para outros, oportunidades – ou ambas as coisas. A China desvaloriza o yuan mesmo frente a uma queda do dólar e impõe impostos recíprocos, também de 34%, demonstrando força e que pretende ir adiante na guerra comercial; a União Europeia planeja tarifas de 25%; na Índia, figuras públicas clamam por novos investimentos na indústria para aproveitar a janela que se abre; e o Brasil… permanece letárgico.

A mídia brasileira, em grande parte, está tratando Trump como um “analfabeto econômico” (sic), insistindo na techné, na técnica, como método supremo para decisões políticas e geopolíticas. Ainda que exista uma metodologia para calcular essas tarifas, o objetivo não é puramente contábil ou financeiro.
Ou ainda, como esses palpiteiros computam os custos da desindustrialização dos EUA? Como eles calculam o impacto do declínio do setor automobilístico para os trabalhadores (e suas famílias) no Rust Belt? Quantos sequer reconhecem que o Brasil, após décadas de abertura desenfreada, tem hoje uma indústria definhada e putrefacta, com uma economia completamente estagnada?

O que podemos fazer, enquanto Brasil, é mergulhar de cabeça nessa oportunidade que se fez presente. Tivemos um impressionante crescimento na formação de capital fixo (investimento) ano passado. A taxa de investimento cresceu 3,8%, atingindo 17% do PIB, um valor ainda consideravelmente baixo, nos colocando no mesmo patamar que países como Quênia, Zimbábue, Kuwait, Inglaterra e Burundi; e muito aquém de Rússia (26%), Vietnã e Coreia do Sul (32%), Índia (33%), Irã (38%) e a China (42%). Porém, isso indica que estamos realizando investimentos produtivos, e nossa capacidade interna de produção cresce, ainda que de forma muito tímida. Precisamos agarrar o momento e utilizá-lo pelo bem do nosso país.

É necessária uma coordenação total da economia para isso: o Congresso deve aprovar a Lei de Reciprocidade Econômica, e se fazer dela para quebrar patentes em prol dos nossos setores estratégicos; a Petrobrás deve de imediato iniciar a exploração da Margem Equatorial Amazônica, diminuindo nossa dependência de petróleo estrangeiro; devemos renacionalizar as refinarias de petróleo (além do complexo de aproveitamento do xisto em São Mateus do Sul-PR) e construirmos novas refinarias para atender à demanda interna; devemos de imediato romper a licitação das ferrovias nacionais e reconstruir nossa malha ferroviária, além da reabertura da Rede Ferroviária Federal (RFF).

Devemos firmar acordos bilaterais de comércio justo e compartilhamento de tecnologias com membros dos BRICS; devemos transformar o Mercosul num bloco realmente funcional, que deixe de ser uma cópia fajuta da União Europeia, mas uma ferramenta de união, coordenação e integração continental, para que possamos realizar projetos de integração com nossos vizinhos, com ferrovias e rodovias ligando Brasília a Buenos Aires, de São Paulo a La Paz, de Belém a Lima, do Rio de Janeiro a Cusco; devemos retomar o Programa Nuclear Brasileiro, nos valendo tanto do conhecimento adquirido por nossos cientistas e pesquisadores quanto das habilidades de Rússia, China e Irã; e, não menos importante, devemos renacionalizar o Banco Central, para que a política monetária e cambial sirvam ao Brasil e ao Povo, e não aos interesses escusos dos rentistas da Faria Lima e do estrangeiro.

Há muitos anos nós da Nova Resistência seguimos afirmando, sempre certos: surgem múltiplas oportunidades no horizonte do Brasil, mas nossa elite é conformada, e prefere se manter agarrada à elite ocidental, por pura conveniência. E, como também dizemos há anos, o tempo urge, e muito em breve não haverá mais como manter uma posição de neutralidade e tentando agradar a todos. Erdogan tentou por muito tempo fazer um jogo duplo, e agora está aprendendo que isso não funciona, mas da pior forma possível. O que falta para o Brasil aprender com as suas próprias lições e com as lições de outros países pelo mundo? Continuaremos catatônicos enquanto o mundo muda à nossa volta? Mais uma vez seremos UTI de ideologias falidas? Ou iremos atrás do nosso desenvolvimento autêntico, para que nos tornemos, de fato, o Brasil?
"O 'burguês', como um estado sempre presente da vida humana, não é outra coisa senão a tentativa de uma transigência, a tentativa de um equilibrado meio-termo entre os inumeráveis extremos e pares opostos da conduta humana. Tomemos, por exemplo, qualquer dessas dualidades, como o santo e o libertino, e nossa comparação se esclarecerá em seguida. O homem tem a possibilidade de entregar-se por completo ao espiritual, à tentativa de aproximar-se de Deus, ao ideal de santidade. Também tem, por outro lado, a possibilidade de entregar-se inteiramente à vida dos instintos, aos anseios da carne, e dirigir seus esforços no sentido de satisfazer seus prazeres momentâneos. Um dos caminhos conduz à santidade, ao martírio do espírito, à entrega a Deus. O outro caminho conduz à libertinagem, ao martírio da carne, à entrega, à corrupção. O burguês tentará caminhar entre ambos, no meio do caminho. Nunca se entregará nem se abandonará à embriaguez ou ao asceticismo; nunca será mártir nem consentirá em sua destruição, mas, ao contrário, seu ideal não é a entrega, mas a conservação de seu eu, seu esforço não significa nem santidade nem libertinagem, o absoluto lhe é insuportável, quer certamente servir a Deus, mas também entregar-se ao êxtase, quer ser virtuoso, mas quer igualmente passar bem e viver comodamente sobre a terra."

- Herman Hesse
Forwarded from Editora ARS REGIA
O conceito de guerra híbrida é um dos mais usados nos debates geopolíticos hoje. A ele se soma recentemente o de zona cinzenta.

O geopolitólogo russo Leonid Savin se debruça sobre ambos conceitos para indicar sua genealogia, seu desenvolvimento e seus usos ao longo dos últimos anos.

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"A ideologia do progresso é, em si mesma, racista. O pressuposto de que o presente é melhor e mais satisfatório que o passado, e as constantes garantias de que o futuro será ainda melhor que o presente, são uma discriminação contra o passado e o presente, e humilham todos aqueles que viveram no passado"

- Aleksandr Dugin
Forwarded from Raphael Machado
Mesmo com a arregada, o fato de que Trump basicamente instituiu e confirmou uma tarifa universal (em 10%) já representa uma ruptura radical com o sistema comercial internacional globalizado tal como o conhecíamos.

As mudanças são irreversíveis.