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Você quer compreender os mistérios do Amor?
Lista de algumas palestras sobre o tema no nosso canal

- Interesse, atenção e amor: https://youtu.be/n0xPi8dZYo4

- Os 14 sabores do amor: https://youtu.be/MbofNoF_Pgg

- Tristão e Isolda: Uma Ópera sobre o Amor: https://youtu.be/W7G02rUdoZ4

- O amor segundo, Gibran: https://youtu.be/QWiNKqHn7DA

-Amor, a Alma da Arte: https://youtu.be/pvXGPFH_2_Y

-As cem razões do amor, poema de Carlos Drumond Andrade: https://youtu.be/Xe24glYlPZA

- Amor Ágape: https://youtu.be/xGDIOBkUNpc

- O Amor como motor do Ser Humano: https://youtu.be/haT7zOGxqzQ?feature=shared
Assista na AcropolePlay www.acropoleplay.com
"O Cosmos também está dentro de nós, nós somos feitos de poeira de estrelas. Somos uma forma do Cosmos se autoconhecer." Carl Sagan

Desde a antiguidade, o ser humano tem um questionamento que o acompanha durante todas as épocas: qual a origem do Universo?

Egípcios, Persas, Gregos, Romanos, Maias, Astecas, Chineses… todas as culturas através de suas próprias mitologias, trouxeram respostas sobre como tudo começou.

Paralelo a isso, também temos a astronomia, física e toda a ciência em busca de explicações e teorias sobre de onde viemos.

Confira a nossa nova série “A origem do Universo segundo as tradições antigas” que já está disponível em nossa plataforma e reflita conosco sobre como a filosofia, mitologia e ciência podem andar de mãos dadas para responder os dilemas do ser humano!



Inscreva-se e participe conosco. www.acropoleplay.com

SOBRE A ACROPOLEPLAY: Dezenas de séries, leituras comentadas, podcasts e outros exclusivos com nossos professores.

Todo o lucro obtido com a Acrópole Play é destinado aos projetos sociais e culturais desenvolvidos pela Nova Acrópole no Brasil, como o Criança para o Bem e o Instituto Paraense de Educação e Arte – IPEA.

🙆‍♀️🙋‍♂️Os Programas atendem mais de 400 estudantes de segunda a sábado, no contra turno escolar e tem como filosofia o desenvolvimento de virtudes com o propósito de contribuir com a formação humana, solidária e cidadã das crianças e jovens.

A virtude é o fio condutor que permeia as práticas das diversas oficinas como o balé, a música, a poesia, o esporte, o acompanhamento escolar, o artesanato, o desenho, entre outras.
Esta necessidade de uma condição moral que provenha de uma natureza essencialmente pura, do próprio Ser, está assinalada por Platão, na totalidade das suas obras, e também por seus seguidores, incluindo Kant, há mais de vinte séculos.

Não houve nenhum filósofo nem pensador que colocasse em dúvida tal necessidade, apesar de que com a queda do Mundo Clássico, isso, tão evidente por si mesmo, ficou condicionado a prévias razões teológicas, políticas e sociais, quando não simplesmente econômicas.

Ao desenvolvimento da mecânica instrumental no campo físico, juntou-se um processo similar no metafísico, ficando o indivíduo paulatinamente enterrado num lamaçal que poderíamos chamar “culto ao procedimento” e ainda das procedências.

Assim, a bondade própria do homem está condicionada à sua religião, à origem familiar, geográfica, racial, e a muitos outros condicionamentos que encheriam páginas inteiras de um detalhado mostruário de preconceitos e superficialidades.

A Humanidade deixou-se ofuscar pelos planos e sistemas, pelas formas dos receptáculos em vez dos conteúdos. Face à quebra da plataforma ética recorre-se às fórmulas mais ou menos utópicas dos receituários, pois ao se conceber o mal como algo real – que já não é a simples carência do bem, mas uma presença consistente –, apela-se aos exorcismos de todas as cores. O Ser passa para segundo plano, condicionado aos aparelhos que, em teoria, criarão, mediante a oração ou a razão, o Homem perfeito a partir das suas próprias imperfeições.

Uma imagem prática seria pretender que, se empilhássemos ladrilhos de barro de determinada forma e maneira, poderíamos construir uma parede de pedra dura, sólida e forte, fazendo com que a “magia” do conjunto transmutasse a natureza do individual e singular.

A massificação espiritual precedeu em muitos séculos as modernas linhas de montagem, e sem medir a realidade, pensou-se que empilhando o parcial com o parcial dar-se-ia à luz uma criatura repleta de virtudes e bondades, idêntica aos seus precedentes e aos que lhe sucedessem. Quando muito, admitiu-se a evolução das formas baseada nos fracassos e acertos da experiência.

Mas, o importante deixou de ser o Homem para se dar prioridade ao conjunto dos homens, como se estes fossem uma mera invenção dos sistemas, homens aos quais os próprios sistemas dariam o direito à sobrevivência por meio das suas adaptações e perda de toda a característica própria… nos casos em que esta fosse aceitada como tal.

Os produtos das linhas de montagem seriam qualificados segundo a sua proveniência, quer dizer, segundo qual sistema que os havia engendrado.

Os cristãos eram bons, os “pagãos” maus. De Santiago fizeram um “mata-mouros”.

Os nobres tem “sangue azul” e os demais são “vilões”.

O povo é bom e os reis são maus… Viva a guilhotina! O operário é bom e o chefe é mau.

O militar é mais importante do que agricultor, ou vice-versa.

O “povo eleito”… “O povo de Deus”… Em resumo, os “bons” que, para existirem, necessitam dos “maus”.

E esse denominador comum faz com que se fale dos cristãos, dos judeus, dos muçulmanos, dos ateus, dos brancos, dos negros, dos ricos, dos pobres, dos sábios e dos ignorantes. É o racismo de todas as cores.

Esta aspiração massificante numa redenção coletiva, e numa destruição também coletiva dos que não participem na tal redenção, classe ou partido, coloca toda a esperança nos sistemas, credos, raças e aceitações. O homem singular perde importância. E até se torna inconcebível alguém que não esteja inserido e militando no partido ou na seita em moda.

Contudo, o fracasso fático do comunismo, do fascismo, do nazismo e do capitalismo com as suas respetivas características políticas, sociais e econômicas, semeou no povo a dúvida acerca da eficácia dos sistemas.

Não obstante, apesar de que, talvez orquestrados por poderosas fontes de poder, quase todos os povos da Terra clamam pela democracia e pelo direito ao voto, cerca de 50% se recusa a fazê-lo, e onde é obrigatório, vota-se em branco ou boicota-se deliberadamente as listas pré-fabricadas pelo
sistema.

Excetuando algumas modalidades do Islã, nas religiões ocorre o mesmo, e embora nos mapas demográficos venha apontado, por exemplo, que a Itália é católica, a realidade é que as igrejas estão cheias de turistas curiosos, os mosteiros estão vazios, convertidos em centros de reuniões alheias à religião e o próprio Papa é alvo de anedotas acerca da sua nacionalidade ou dos seus costumes. É evidente que, o que tradicionalmente se entendia por “sagrado” está muito longe de tudo isto.

É aceitável pensar que a solução para este problema passe pela simples compreensão de que o que realmente importa não são os sistemas, mas os homens que os integram. E que a qualidade moral destes homens é o fundamental.

Já pouco importa que um país esteja governado pelas “direitas” ou “esquerdas”, que o seu regime seja presidencial ou monárquico. O que é válido é se o homem ou os homens responsáveis pela administração de um país, são gente boa, honrada, justa, valorosa e competente.

O pior dos sistemas, se for integrado e conduzido por homens bons, traz felicidade para o povo, riqueza, bonança e paz. O melhor dos sistemas, se os seus governantes forem pessoas carentes de moral, será um suplício para os governados.

O mito da redenção coletiva através dos sistemas demonstrou a sua falibilidade. No transcurso do tempo, o mais organizado e natural dos sistemas desmorona-se rapidamente se não for mantido por homens e mulheres honrados, morais, em uma palavra: BONS.

O que necessitamos não é que triunfem determinadas facções ou seitas políticas, sociais ou religiosas. O que necessitamos é de homens bons e que a esses homens bons, reconhecendo-os como tais, se os deixe ter as máximas responsabilidades em todos os campos. Se assim se fizesse, eles a aceitariam, não por ambição, mas por espírito de generosidade e de solidariedade.

Se, voltando a Platão, o bom sapateiro tem o dever de fazer sapatos para todos; o bom alfaiate, roupas para todos etc, aquele que se governa a si mesmo, que domina as suas paixões e verticaliza as suas ideias com a força da sua vontade, há de ser o mais apto para aplicar aquilo que nele é vantajoso a todos os membros da sua comunidade.

“Se conseguirmos apoiar os homens bons e lhes dermos os instrumentos culturais necessários, estes poderão integrar qualquer forma de governo, pois qualquer forma de governo em suas mãos será eficaz.”

Se um homem bom estiver à frente de uma religião, qualquer que seja, despertará nos seus crentes a presença de Deus, pois a verão refletida em si e possível.

Se um homem bom se dedicar à arte, à ciência ou a qualquer outra atividade, esta ver-se-á iluminada pela sua própria bondade, não importando o caminho que tome, pois na sua bondade escolherá sempre o melhor.

É necessário consciencializar que não basta passar do século XX ao XXI para que cessem os racismos, as perseguições, os enriquecimentos ilícitos, os genocídios; o que faz falta é mudar “por dentro”, esotericamente, para que as máquinas contaminantes dos sistemas deem lugar aos homens bons.

É preciso encontrá-los, assinalá-los e apoiá-los.

Para um homem, não há maior inimigo do que um outro homem se este for mau, nem melhor amigo e ajuda do que um outro homem, se este for bom.

Sejamos valentes e comecemos a jogar na caixa de lixo da História os sistemas nefastos que nos regem, para que, sobre os seus escombros, possa caminhar esse Homem Novo, cuja característica principal é a de ser bom.



Jorge Angel Livraga, fundador de Nova Acrópole.

Publicado na Revista Nueva Acrópolis n. 171. Madri, Espanha, maio de 1989.
A convivência é o grande desafio humano. Assista nossas Palestras sobre convivência para te ajudar a viver em harmonia:
🤝Como somar num mundo em conflito: https://youtu.be/2k5GKUOZSBs

🤝Confúcio e a convivência humana em tempos de crise: https://youtu.be/kJOZ_2E30sU

🤝Viver e deixar viver: https://youtu.be/EhG7mQsSSac

🤝Comunicação não violenta: https://youtu.be/zT4F4LAF_Do
Para o homem, a sua origem sempre foi um enigma. E este desconhecimento de algo tão importante levou-o a bater à porta de todas as soluções possíveis.

Durante os ciclos de predomínio da mentalidade religiosa, cada povo assimilou e ofereceu a sua própria versão da origem do homem e das suas civilizações, atribuindo-as à intervenção de um deus ou deuses mais ou menos “pessoais”.

A tradição védica nos fala das emanações de Brahma, a origem das castas; o egípcio, da roda de oleiro de Toth; os maias, dos “homens da terra”, a tradição suméria, da criação do homem pela obra de Marduk; os chineses, de Pan-Kuh; o hebreu-cristão, do Adão de barro que veio da invocação de Jeová; o grego, de Prometeu e a substituição dos homens feita por Deucalião; e tantas versões que coincidem no essencial, embora difiram nos seus aspectos exotéricos, representações e nomes.

O que podemos observar, do ponto de vista filosófico, é que cada povo de alguma forma projetou suas próprias características para dar forma inteligível ao mistério evidente que chamamos de Deus e da mesma forma imaginou sua própria origem segundo suas próprias aceitações.

O ponto de coincidência é que Deus fez o homem. Mas como?

Em outros momentos históricos em que o homem renunciou à religião e às suas crenças nessas características, ele as substituiu por crenças científicas, como nos séculos XVIII e XIX, quando o crescente materialismo levou à concepção de uma humanidade que formava apenas uma espécie de mamíferos vertebrados , cujas diferentes peculiaridades foram atribuídas ao modo casual de evolução assumido pelos hominídeos.

Essas hipóteses prevaleceram no século XIX e na maior parte do século XX. A confortável fórmula dos “positivistas” e “evolucionistas” sobre uma “humanização” da besta e as etapas com as quais o homem posteriormente realizou o seu caminho foram:

Uma humanidade governada pela superstição e pela magia.

Um posterior, dominado pelas religiões.

A próxima, impulsionada pela filosofia e pela metafísica.

Por fim, o atual, que alcança o positivismo científico e através dessa ciência e da “Deusa Razão”, acessa a perfeição biológica, social e política.

Já passou o tempo em que um sábio dos Estados Unidos da América se perguntava, no alvorecer do século XX, se ainda havia algo para inventar. E a fórmula histórica materialista também já passou.

Os princípios extraídos de Hegel sobre as “contradições”, ao perderem o dinamismo dialético, fossilizaram-se em afirmações mais ou menos dogmáticas: a impossível contemporaneidade, na mesma cultura, de duas ou mais das “camadas” positivistas, era uma delas. Converter uma “hipótese de trabalho” numa verdade imutável era outra. Qualquer coisa que negasse estas quatro divisões era vista como “anticientífica”. Mas à medida que o século XX avançava, novas experiências sociais e descobertas arqueológicas e as suas interpretações históricas começaram a demolir os esquemas “lineares” do evolucionismo, tal como o “cepticismo” inglês e o “enciclopedismo” francês já tinham caído antes.

Descobriu-se, por exemplo, que civilizações fortemente religiosas, como a egípcia, possuíam tanto um nível científico avançado como um conteúdo mágico surpreendente; e ainda por cima, a nossa civilização científica retomou, sob outros nomes, a alquimia (transmutação dos elementos) e a feitiçaria (parapsicologia e hipnose).

O mistério da origem do homem aprofundou-se novamente. A “caveira de Piltdown” zelosamente guardada durante a Segunda Guerra Mundial nos porões do Museu Britânico como uma peça excepcional, uma testemunha irrefutável do “elo perdido” entre os hominídeos e o Homo sapiens , revelou-se, diante do novo Carbono 14 técnicas, para ser uma farsa vulgar, uma piada de estudantes do início do século 20, que juntaram fragmentos de um crânio de macaco com outros fragmentos fósseis humanos não mais antigos que o Magdaleniano. E há alguns anos, as famosas “pedras de Ica”, no Peru, que mostravam animais pré-históricos em suas gravuras junto com figuras de “discos voadores” e “transplantes de coração”, que
viram de base para o “best-seller” “O Enigma dos Andes”. ”, foram investigados pela polícia peruana, mostrando que foram confeccionados por um camponês, que o autor deste artigo conhece pessoalmente, residente em Ocucaje, utilizando algumas pedras “marrons” gravadas com garfo baseadas em figuras cômicas .

Assistimos assim ao colapso de “novas” hipóteses sobre a origem do homem. Mas o “materialismo” não quer perder os seus trunfos e, face ao fracasso das suas teorias do século XIX, apresentou a ideia de que os homens formaram as suas religiões e culturas antigas com base em outras civilizações “científicas” que vieram das estrelas. .

O que você procura com isso?

Muito simples: tornar verdes os seus antigos dogmas da incompatibilidade das altas culturas mágico-religiosas com todo o conhecimento científico e grandes realizações técnicas. Os ideólogos do materialismo alcançaram uma fórmula válida para as massas sedentas de verdade, sem deterioração das suas declarações anti-religiosas que começavam com a de que “a religião é o ópio do povo”. Que a Grande Pirâmide apresenta características técnicas e científicas extraordinárias em meio a uma cultura mágico-religiosa?... Pois bem, para eles não há problema: ela foi feita ou mandou fazer por extraterrestres que já estavam na quarta era positivista ou científica estágio. E assim tudo, de Stonehenge a Sacsahuamán, do Pilar de Ferro de Deli às imensas lajes de Pumapunku, em Tiahuanaco (Bolívia).

Lançada com um tremendo carisma subliminar, a nossa juventude – que apesar das aparências é a mais crédula dos últimos séculos – aceitou amplamente que a origem do homem, com as suas civilizações anteriores agora parcialmente conhecidas, é de origem extraterrestre. os tecnocratas em foguetes interestelares com seus “satélites de pouso” em forma de disco foram as criaturas inteligentes que fizeram todas as grandes obras, e que o mamífero vertebrado de pouca inteligência e grande fé os tomou como deuses. Foi assim que teriam nascido as religiões, como deformações grosseiras daquelas tecnologias extraordinárias importadas de outros planetas em galáxias distantes. Tendo isto em mente, verifica-se que os alinhamentos astronômicos do Carnac francês são um “computador”; o mistério metafísico da Grande Pirâmide, uma espécie de “antena retransmissora” ou “conservador gigante”; o enigma teológico-astrológico das linhas de Nazca, “pistas de pouso”; e as figuras em cavernas que aparecem com halos, da mesma forma que se vê Cristo ou Buda, representações de “seres extraterrestres com capacete espacial”.

A favor dessas fantasias, são frequentemente citadas traduções fracas de textos antigos, onde são mencionados seres sobre-humanos que desceram do céu para dar inteligência aos homens. Mesmo que fossem lidos, ver-se-ia que os artefatos espaciais não são mencionados, pois o que indicam – e de forma muito obscura – é a inserção de um “Fogo divino” nos homens para lhes proporcionar discernimento. Os “manasaputras” do esoterismo hindu encarnam entre os homens com figura humana e depois de muita resistência concordam em comunicar-lhes – iniciá-los – os mistérios e conhecimentos secretos. Mas são entidades espirituais que não precisam de máquinas para se mover. E quanto às “vimanas” ou navios voadores que os atlantes teriam utilizado, os textos antigos falam-nos de pesadas embarcações aéreas construídas pelos mesmos homens, cujo voo era tão baixo que tiveram que circundar as montanhas.

Sim, há elementos para aceitar, em princípio, a existência de civilizações anteriores à nossa, que desapareceram no meio de imensos cataclismos geológicos e dos seus interregnos de barbárie e “Idade da Pedra”. Mas toda esta epopeia é obra do homem, iluminado pelos deuses... mas não pelos bulbos de iodo das cápsulas feitas de metais raros. Reduzir a iluminação religiosa a um simples fenômeno de flashes e os Mistérios de iniciação a uma série de truques eletrônicos é uma invenção tosca e com claros propósitos políticos daqueles que querem nos fazer uma “lavagem cerebral” para que aceitemos a invenção do século XIX
das quatro categorias de culturas e que “a religião é o ópio do povo”. É negar ao homem a sua força espiritual criativa e a possibilidade de estabelecer contactos com outros planos mais espirituais da Natureza.

Infelizmente, isto trouxe grande confusão – que denunciamos – entre os que buscam a Verdade.

Não negamos a possibilidade da existência de “OVNIs”, mas se forem máquinas, não podemos afirmar a sua existência até que possamos observá-los com calma em alguma instituição científica. Nem negamos a possibilidade, e mesmo a probabilidade, de que existam outras criaturas inteligentes no Cosmos; Mas isso não nos leva necessariamente a aceitá-los como criadores da humanidade, nem significa que uma das mais belas e maiores qualidades que o homem possui, a sua religiosidade, tenha de ser fruto de uma admiração estúpida por artefatos sofisticados. O vôo de uma gaivota sobre o mar ainda nos parece mais maravilhoso do que o foguete lenticular que queima a grama sobre a qual repousa. Esta rejeição da natureza em favor de uma mistificação de astronautas telepáticos que têm prazer em desligar o motor do trator de um pacífico agricultor é uma concepção claramente materialista, artificial e poluente.

A humanidade não é filha de feras nem de invasores mascarados com armas de raios. A humanidade, com tudo de bom e de ruim que a caracteriza, é filha do mistério, que não precisa de lentilhas supersônicas para chegar até nós.

Se for verdade que “pelos seus frutos os conhecereis”, podemos ver os desastres ecológicos produzidos por uma civilização alienada por máquinas e artefatos interplanetários. Não nos deixemos enganar projetando o que vemos como a origem de todas as coisas. Quando um grego viu uma luz fugidia à noite, disse que era a carruagem de um deus do Olimpo; Quando um medieval contemplava algo que não conseguia explicar, entregava a autoria aos anjos ou ao diabo. Hoje, diante das nossas incógnitas, extrapolamos da nossa civilização tecnocrática o conceito de astronautas vindos de Ganimedes.

O mistério, como na história do gênio da garrafa, só pode nos agradecer se o libertarmos das embalagens da moda.

Nossa filosofia nos faz respeitar muito tudo o que é sagrado e misterioso que iluminou a testa dos primeiros homens naquele Paraíso Terrestre, que perdemos e que um dia recuperaremos. Mas iremos recuperá-lo com base nas nossas virtudes, na pacificação dos nossos instintos, no nosso aperfeiçoamento espiritual e moral. Não sacrificaremos a nossa liberdade interior na confortável espera que homenzinhos do espaço venham para nos destruir ou domesticar. Não renunciemos às nossas antigas tradições espirituais por causa de uma multidão de “alienígenas” que, se existirem, estarão resolvendo os seus próprios problemas, porque também serão imperfeitos, uma vez que se manifestam, e como filhos do mistério como somos, como os pássaros, os peixes e as árvores floridas que vamos afogando com nosso lixo enquanto sonhamos em ascender ao céu espiritual agarrados a um raio laser ou a um rio de prótons administrado por anãs verdes ou vermelhas.

Artigo: Civilizações antigas e extraterrestres
Jorge Ángel Livraga, fundador de Nova Acrópole (1930 - 1991).
Tradução livre.